domingo, 27 de maio de 2012

BLOG E E-MAIL



O e-mail – Um gênero textual dinâmico


Encontramo-nos hoje, inseridos em uma sociedade extremamente dinâmica, na qual o fator “tempo” desempenha sua palavra de ordem. Para que possamos acompanhar esta evolução, precisamos nos adequar constantemente, principalmente com o manuseio referente aos recursos tecnológicos. 

Sua finalidade restringe-se à comunicação entre as pessoas, uma vez que esta se dá de forma rápida e eficiente, permitindo que haja a troca de mensagens feitas em meio eletrônico, interagindo as relações pessoais e profissionais

Essa comunicação, que antes só era possível por meio de cartas e telegramas, atualmente possibilita a troca de informações a qualquer instante, independente da distância a que se inserem os interlocutores envolvidos. 

Quanto à estrutura, assemelha-se à carta no que se refere ao vocativo, texto, despedida e assinatura. A data não é fator relevante, pois o próprio programa já se incube de detalhar o dia e a hora em que a mensagem foi enviada. 

No que se refere à linguagem, esta varia de acordo com o grau de intimidade estabelecido entre os interlocutores e com a finalidade a que se destina a comunicação. 

Obviamente que, ao se tratar de assuntos profissionais, o vocabulário tende a apresentar um certo formalismo. 

A palavra e-mail constitui a redução de eletronic mail, cuja significância é correio eletrônico, sua estrutura pauta-se pela seguinte forma: nome@provedor.com.br 
O nome representa o usuário; @  é o símbolo que passa ao computador a mensagem de que o conjunto de informações é de um endereço de e-mail; o provedor é a empresa que viabiliza o acesso à Internet de forma gratuita ou mediante o pagamento de uma taxa. O termo “com” tem o sentido de comercial e “br” de Brasil. 
Por Vânia Maria Do Nascimento Duarte


Conhecendo um dos meios de comunicação virtual - o blog
O blog permite uma maior interação entre as pessoas
Como você sabe, a sociedade em que hoje vivemos é bastante influenciada pelo avanço da tecnologia, e nós temos de acompanhar toda essa evolução, não é verdade? E falando sobre estas inovações, sabemos que o “mundo” virtual disponibiliza muitos recursos para que possamos nos comunicar com extrema agilidade.

Basta lembrarmos de que antes utilizávamos as cartas para nos comunicarmos com amigos e familiares, hoje a situação é diferente, pois uma das possibilidades que podemos usufruir é o e-mail. E não é somente ele, mas também muitos outros canais permitem com que as pessoas do mundo inteiro interajam entre si. 

E por falarmos nisso, iremos conhecer as características que constituem um desses meios de comunicação que, sem nenhuma dúvida você já deve ter visto várias vezes ou até mesmo possuir um. É do blog que estamos falando, representado por uma página da Internet na qual o emissor (a pessoa que escreve) registra suas ideias, sentimentos, fatos ligados à vida pessoal, expõe algum trabalho realizado, como, por exemplo, suaprofessora pode possuir um blog e nele divulgar todos os seus trabalhos.


Os assuntos que são retratados no blog costumam variar, indo desde o relato das experiências pessoais até piadas, fotografias, notícias, novidades ligadas à vida social, enfim, sobre tudo que se pretende produzir. Alguns blogs deixam de ser pessoais e passam a ser comunitários, revelando assim as experiências de um grupo de pessoas. É como se você e todos os craques de futebol da sua escola resolvessem criar um, já imaginou como seria interessante? Caso isso aconteça, todas as pessoas que acessarem terão a oportunidade de conhecer as novidades e até fazer comentários sobre o assunto.



Blog: um gênero textual digital


Blog vem da abreviação de weblog web (tecido, teia, também usado para a designar o ambiente de Internet) e log (diário de bordo). É uma ferramenta do mundo virtual que permite aos usuários colocar conteúdo na rede e interagir com outros internautas. Os blogs surgiram em agosto de 1999 com a utilização do software Blogger, da empresa do norte-americano Evan Williams. O software fora concebido como uma alternativa popular para a publicação de textos on line, uma vez que a ferramenta dispensava o conhecimento especializado em computação. A facilidade para a edição, atualização e manutenção dos textos em rede foi, e são, os principais atributos para o sucesso e a difusão dessa chamada ferramenta de auto-expressão. A ferramenta permite, ainda, a convivência de múltiplas semioses, textos escritos, imagens (fotos, desenhos, animações) e som (músicas).
                Vários blogs são pessoais, exprimem idéias ou sentimentos do autor. Outros são resultados da colaboração de um grupo de pessoas que se reúne para atualizar um mesmo blog. Alguns blogs são voltados para a diversão, outros para o trabalho (discussão de projetos e apresentação de soluções), outros, ainda, para pesquisas e há, até mesmo, os que misturam tudo.

LITERATURA: O QUINHENTISMO NO BRASIL



Primeira página e transcrição da Carta de Pero
Vaz de Caminha ao rei de Portugal sobre a descoberta do Brasil.
O Quinhentismo, fase da literatura brasileira do século XVI, tem este nome pelo fato das manifestações literárias se iniciarem no ano de 1.500, época da colonização portuguesa no Brasil. A literatura brasileira, na verdade, ainda não tinha sua identidade, a qual foi sendo formada sob a influência da literatura portuguesa e europeia em geral. Logo, não havia produção literária ligada diretamente ao povo brasileiro, mas sim obras no Brasil que davam significação aos europeus. No entanto, com o passar dos anos, as literaturas informativa e dos jesuítas, foi dando lugar a denotações da visão dos artistas brasileiros.
Na época da colonização brasileira, a Europa vivia seu apogeu no Renascimento, o comércio se despontava, enquanto o êxodo rural provocava um surto de urbanização. Enquanto o homem europeu se dividia entre a conquista material e a espiritual (Contrarreforma), o cidadão brasileiro encontrava no quinhentismo : a literatura informativa, que se voltava para assuntos de natureza material (ouro, prata, ferro, madeira) feita através de cartas dos viajantes ou dos cronistas e a literatura dos jesuítas, que tentavam inserir a catequese.
A carta de Pero Vaz de Caminha traz  informações sobre o Brasil,  valoriza as conquistas e aventuras marítimas (literatura informativa) ao mesmo tempo que a expansão do cristianismo (literatura jesuíta).
A literatura dos jesuítas tinha como objetivo principal o da catequese. Este trabalho de catequizar os índios norteou as produções literárias na poesia de devoção e no teatro inspirado nas passagens bíblicas.
José de Anchieta é o principal autor jesuíta da época do Quinhentismo, viveu entre os índios, pelos quais era chamado de piahy, que significa “supremo pajé branco”. Foi o autor da primeira gramática do tupi-guarani e também de várias poesias de devoção.


QUINHENTISMO
                                                                           

O Quinhentismo foi o primeiro movimento literário no Brasil. Em relação aos demais, sua importância é um tanto quanto menos expressiva na literatura, por não apresentar nenhum escritor brasileiro; ou, ainda, nenhum "escritor". Apesar disso, muitos dos maiores vestibulares do país pedem que seus vestibulandos tenham conhecimento desta matéria. Além disso, serve também como conhecimento geral para aqueles que gostam do assunto. O movimento iniciou-se com o "ínicio" do Brasil (sim, eu sei. O Brasil existia antes do descobrimento, mas para a literatura, assim como para muitas outras coisas, sua história começa quando os portugueses chegam ao país). Seu fim foi marcado pela publicação de Prosopopéia, de Gonçalves de Magalhães, que já tinha algumas tendências barrocas.


O Descobrimento das Américas marca, antes de mais nada, a transição entre a Idade Média e a Idade Moderna. A Europa vive o auge do Renascimento, o capitalismo mercantil toma o lugar dos feudos, e o êxodo rural provoca o início da urbanização. Houve também, neste período, uma crise na Igreja: o novo grupo dos protestantes contra o grupo dos fiéis católicos (estes últimos no movimento da Contra-Reforma). Durante a maioria deste período, o Brasil era colonizado por Portugal. Os documentos eram escritos por jesuítas e colonizadores portugueses; o primeiro autor brasileiro apareceria, mais tarde, somente no movimento barroco, Gregório de Matos.

Resumo do Quinhentismo 
Momento sócio-cultural

.Início da exploração da colônia: extração de pau-brasil e do cultivo da ca-
na de açúcar.
.Expedições de exploração e reconhecimento da nova terra.
.Vinda dos jesuítas: trabalho de catequese dos índios e formação dos primei-
ros colégios.

Características literárias

.Literatura de caráter documental sobre o Brasil de cronistas e viajantes
 estrangeiros.
.Literatura "pedagógica" dos jesuítas, visando à catequese dos índios.


Autores e obras
.Carta de Pero Vaz de Caminha   ("certidão de nascimento" do Brasil)

Literatura de informação
.Pero Magalhães Gândavo: História da província de Santa Cruz a que vulgar-
mente chamamos Brasil
 
.Gabriel Soares de Sousa: Tratado descritivo do Brasil

Literatura de catequese
 
.Padre Manuel da Nóbrega: Diálogo sobre a conversão do gentio .Padre José de Anchieta: Na festa de São Lourenço (peça teatral), Poema à
Virgem
 (de tradição medieval)



AMBIGUIDADE


O QUE É AMBIGUIDADE?
A duplicidade de sentido, seja de uma palavra ou de uma expressão, dá-se o nome de ambiguidade. Ocorre geralmente, nos seguintes casos:

Má colocação do Adjunto Adverbial

Exemplos: Crianças que recebem leite materno frequentemente são mais sadias.

As crianças são mais sadias porque recebem leite frequentemente ou são frequentemente mais sadias porque recebem leite?

Eliminando a ambiguidade: Crianças que recebem frequentemente leite materno são mais sadias.
Crianças que recebem leite materno são frequentemente mais sadias.

Uso Incorreto do Pronome Relativo

Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes que estava sobre a cama.

O que estava sobre a cama: o estojo vazio ou a aliança de diamantes?

Eliminando a ambiguidade: Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes a qual estava sobre a cama.
Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes o qual estava sobre a cama.

Observação: Neste exemplo, pelo fato de os substantivos estojo e aliança pertencerem a gêneros diferentes, resolveu-se o problema substituindo os substantivos por o qual/a qual. Se pertencessem ao mesmo gênero, haveria necessidade de uma reestruturação diferente.

Má Colocação de Pronomes, Termos, Orações ou Frases

Aquela velha senhora encontrou o garotinho em seu quarto.

O garotinho estava no quarto dele ou da senhora?

Eliminando a ambiguidade: Aquela velha senhora encontrou o garotinho no quarto dela.
Aquela velha senhora encontrou o garotinho no quarto dele.

Ex.: Sentado na varanda, o menino avistou um mendigo.

Quem estava sentado na varanda: o menino ou o mendigo?

Eliminando a ambiguidade: O menino avistou um mendigo que estava sentado na varanda.
O menino que estava sentado na varanda avistou o mendigo.


Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura
Equipe Brasil Escola

Ambiguidade

Evite-a para fazer uma boa redação

Nilma Guimarães*
A ambiguidade é um dos problemas que podem ser evitados na redação. Ela surge quando algo que está sendo dito admite mais de um sentido, comprometendo a compreensão do conteúdo. Isso pode suscitar dúvidas no leitor e levá-lo a conclusões equivocadas na interpretação do texto.

A inadequação ou a má colocação de elementos como pronomes, adjuntos adverbiais, expressões e até mesmo enunciados inteiros podem acarretar em duplo sentido, comprometendo a clareza do texto. Observe os exemplos que seguem:

  • "O professor falou com o aluno parado na sala"
    Neste caso, a ambiguidade decorre da má construção sintática deste enunciado. Quem estava parado na sala? O aluno ou o professor? A solução é, mais uma vez, colocar "parado na sala" logo ao lado do termo a que se refere: "Parado na sala, o professor falou com o aluno"; ou "O professor falou com o aluno, que estava parado na sala". 
  • "A polícia cercou o ladrão do banco na rua Santos."
    O banco ficava na rua Santos, ou a polícia cercou o ladrão nessa rua? A ambiguidade resulta da má colocação do adjunto adverbial. Para evitar isso, coloque "na rua Santos" mais perto do núcleo de sentido a que se refere: Na rua Santos, a polícia cercou o ladrão; ou A polícia cercou o ladrão do banco que localiza-se na rua Santos" 
  • "Pessoas que consomem bebidas alcoólicas com frequência apresentam sintomas de irritabilidade e depressão."

    Mais uma vez a duplicidade de sentido é provocada pela má colocação do adjunto adverbial. Assim, pode-se entender que "As pessoas que, com frequência, consomem bebidas alcoólicas apresentam sintomas de irritabilidade e depressão" ou que "As pessoas que consomem bebidas alcoólicas apresentam, com frequência, sintomas de irritabilidade e depressão".

    Uma das estratégias para evitar esses problemas é revisar os textos. Uma redação de boa qualidade depende muito do domínio dos mecanismos de construção da textualidade e da capacidade de se colocar na posição do leitor.


  • SINÔNIMO, ANTÔNIMO E POLISSEMIA


    Sinônimos e antônimos


    O dicionário nos auxilia quanto ao significado das palavras
    Sinônimos e antônimos
    É muito importante termos o hábito de ler bons livros, histórias em quadrinhos, jornais, e outros, para que cada vez o nosso vocabulário se torne mais aperfeiçoado.

    Porque como você sabe, não podemos escrever da mesma maneira como falamos, pois a escrita precisa estar de acordo com as regras gramaticais da língua.

    Então, quando falamos em sinônimos, lembramos de significado. E esse significado nos leva à ideia do dicionário, porque ele deve ser nosso companheiro constante.

    Qual é a palavra que tem o mesmo sentido de menino?

    Podemos dizer garoto, assim como podemos também falar que caridade é o mesmo quebondade. Apenas houve a mudança de palavra, mas o significado permaneceu o mesmo.

    Por isso, dizemos que “sinônimo” significa semelhança de sentido.
    Observe algumas palavras:

    casa – residência 
    alegria – felicidade
    percurso – trajeto
    questionar – perguntar 
    brincadeira – diversão
    carinho- afeto
    calmo – tranquilo

    Os antônimos significam palavras contrárias, inversas de sentido. Perceba:

    claro – escuro
    dia – noite
    bondade – maldade 
    bonito – feio
    limpo – sujo
    correto – errado
    largo – estreito
    alto – baixo
    Por Vânia Duarte
    Graduada em Letras
    Equipe Escola Kids
    POLISSEMIA
    Consideremos as seguintes frases:

    Paula tem uma mão para cozinhar que dá inveja!
    Vamos! Coloque logo a mão na massa!
    As crianças estão com as mãos sujas.
    Passaram a mão na minha bolsa e nem percebi. 

    Chegamos à conclusão de que se trata de palavras idênticas no que se refere à grafia, mas será que possuem o mesmo significado?
    Existe uma parte da gramática normativa denominada Semântica. Ela trabalha a questão dos diferentes significados que uma mesma palavra apresenta de acordo com o contexto em que se insere.

    Tomando como exemplo as frases já mencionadas, analisaremos os vocábulos de mesma grafia, de acordo com seu sentido denotativo, isto é, aquele retratado pelo dicionário.

    Na primeira, a palavra “mão” significa habilidade, eficiência diante do ato praticado.
    Nas outras que seguem o significado é de: participação, interação mediante a uma tarefa realizada; mão como parte do corpo humano e por último, simboliza o roubo, visto de maneira pejorativa.

    Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo percebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se em consideração as situações de aplicabilidade.

    Há uma infinidade de outros exemplos em que podemos verificar a ocorrência da polissemia, como por exemplo:

    O rapaz é um tremendo gato.
    O gato do vizinho é peralta.
    Precisei fazer um gato para que a energia voltasse. 

    Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua sobrevivência
    O passarinho foi atingido no bico.
    Por Vânia Duarte
    Graduada em Letras
    Equipe Brasil Escola

    sexta-feira, 25 de maio de 2012

    RELATO PESSOAL


    O relato pessoal

    O relato pessoal
    O relato também constitui um gênero textual
    Sempre compartilhamos com nossos amigos, familiares e colegas de classe, as experiências do cotidiano. Geralmente, quando algo de novo nos acontece, mal esperamos o momento certo de relatar tudo o que ocorreu, não é verdade? Trata-se de algo tão rotineiro e natural, que nem nos damos conta de seus muitos aspectos. 

    Pois bem, obviamente que estamos nos referindo à fala. Já quando se trata da escrita,estudos anteriores nos permitiram conhecer os diferentes gêneros textuais, ou seja, aqueles que se referem às várias situações de comunicação que revelam de maneira específica o que pretendemos dizer, ou seja, um e-mail, uma reportagem, uma fábula, entre muitas outras. Você se lembra que cada um destes possui características próprias, não é verdade? 

    Desta forma, conheceremos agora mais um gênero – o relato pessoal. Ele possui os mesmos elementos do texto narrativo, pois contém personagens, o fato acontece em um determinado lugar, num determinado momento e, sem dúvida, é narrado por alguém. Assim sendo, qualquer pessoa pode revelar fatos de sua vida, permitindo assim que todos possam conhecê-los. 

    Mas resta-nos ainda conhecer outros aspectos, como por exemplo, o uso dos tempos verbais, uma vez que eles geralmente são expressos no tempo passado, por se tratar de algo que já aconteceu. E quanto à linguagem? Ela costuma ser adequada aos diferentes tipos de leitores que existem, ou seja, para o leitor jovem, para aquele que possui um conhecimento maior, entre outros. 

    Há alguns relatos que depois se transformam em documentos históricos, os quais podem ser publicados por jornais, revistas, livros, sites, etc., funcionando, portanto, como fontes de pesquisa, de modo a servir de aprendizado para muitas pessoas.

    RELATO PESSOAL 

    Características
    • Narra fatos reais vividos por uma pessoa e suas consequências;
    • Apresenta elementos básicos da narrativa como:
    • - sequência de fatos,
      - pessoas,
      - tempo,
      -espaço;
    • O narrador é protagonista;
    • Verbos e pronomes são empregados predominantemente na 1ª pessoa;
    • Os verbos oscilam entre o pretérito perfeito e o presente do indicativo;
    • Emprega-se o padrão culto da língua
    • EXEMPLO DE UM RELATO PESSOAL :
      • MINHA PRIMEIRA PROFESSORA
        A primeira presença em meu aprendizado escolar que me causou impacto, e causa até hoje, foi uma jovem professorinha. É claro que eu uso esse termo, professorinha, com muito afeto. Chamava-se Eunice Vasconcelos (1909-1977), e foi com ela que eu aprendi a fazer o que ela chamava de "sentenças".
        Eu já sabia ler e escrever quando cheguei à escolinha particular de Eunice, aos 6 anos. Era, portanto, a década de 20. Eu havia sido alfabetizado em casa, por minha mãe e meu pai, durante uma infância marcada por dificuldades financeiras, mas também por muita harmonia familiar. Minha alfabetização não me foi nada enfadonha, porque partiu de palavras e frases ligadas à minha experiência, escritas com gravetos no chão de terra do quintal.
        Não houve ruptura alguma entre o novo mundo que era a escolinha de Eunice e o mundo das minhas primeiras experiências - o de minha velha casa do Recife, onde nasci, com suas salas, seu terraço, seu quintal cheio de árvores frondosas. A minha alegria de viver, que me marca até hoje, se transferia de casa para a escola, ainda que cada uma tivesse suas características especiais. Isso porque a escola de Eunice não me amedrontava, não tolhia minha curiosidade.
        Quando Eunice me ensinou era uma meninota, uma jovenzinha de seus 16, 17 anos. Sem que eu ainda percebesse, ela me fez o primeiro chamamento com relação a uma indiscutível amorosidade que eu tenho hoje, e desde há muito tempo, pelos problemas da linguagem e particularmente os da linguagem brasileira, a chamada língua portuguesa no Brasil. Ela com certeza não me disse, mas é como se tivesse dito a mim, ainda criança pequena: "Paulo, repara bem como é bonita a maneira que a gente tem de falar!..." É como se ela me tivesse chamado.
        Eu me entregava com prazer à tarefa de "formar sentenças". Era assim que ela costumava dizer. Eunice me pedia que colocasse numa folha de papel tantas palavras quantas eu conhecesse. Eu ia dando forma às sentenças com essas palavras que eu escolhia e escrevia. Então, Eunice debatia comigo o sentido, a significação de cada uma.
        Fui criando naturalmente uma intimidade e um gosto com as ocorrências da língua - os verbos, seus modos, seus tempos... A professorinha só intervinha quando eu me via em dificuldade, mas nunca teve a preocupação de me fazer decorar regras gramaticais.
        Mais tarde ficamos amigos. Mantive um contato próximo com ela, sua família, sua irmã Débora, até o golpe de 1964. Eu fui para o exílio e, de lá, me correspondia com Eunice. Tenho impressão de que durante dois anos ou três mandei cartas para ela. Eunice ficava muito contente.
        Não se casou. Talvez isso tenha alguma relação com a abnegação, a amorosidade que a gente tem pela docência. E talvez ela tenha agido um pouco como eu: ao fazer a docência o meio da minha vida, eu termino transformando a docência no fim da minha vida.
        Eunice foi professora do Estado, se aposentou, levou uma vida bem normal. Depois morreu, em 1977, eu ainda no exílio. Hoje, a presença dela são saudades, são lembranças vivas. Me faz até lembrar daquela música antiga, do Ataulfo Alves: "Ai, que saudade da professorinha, que me ensinou o bê-á-bá' (Paulo Freire, publicado pela Revista Nova Escola em dezembro de 1994).

    Intertextualidade, interdiscursividade e paródia


    intertextualidade

    Textos "conversam" entre si


    Para entender o que é o conceito de "intertextualidade", um exemplo divertido. O jogo do "não confunda":
    • Não confunda "bife à milanesa" com "bife ali na mesa",
    • Não confunda "conhaque de alcatrão" com "catraca de canhão",
    • Não confunda "força da opinião pública" com "opinião da força pública".
      Como se vê, é possível elaborar um texto novo a partir de um texto já existente. É assim que os textos "conversam" entre si. É comum encontrar ecos ou referências de um texto em outro. A essa relação se dá o nome deintertextualidade.
      Para entender melhor a palavra, pense em sua estrutura. O prefixo inter, de origem latina, se refere à noção de relação (entre). Logo, intertextualidade é a propriedade de textos se relacionarem.

      Intertexualidade na poesia

      Veja como Chico Buarque de Holanda, um dos mais importantes compositores brasileiros, utiliza a intertextualidade em uma canção sua. Em "Bom Conselho", ele faz referências a provérbios populares.

      Provérbios populares

      Canção de Chico Buarque

      “Uma boa noite de sono combate os males”

      “Quem espera sempre alcança”
      “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço"
      “Pense, antes de agir”
      “Devagar se vai longe”
      “Quem semeia vento, colhe tempestade”
      Bom Conselho
      Ouça um bom conselho
      Que eu lhe dou de graça
      Inútil dormir que a dor não passa
      Espere sentado
      Ou você se cansa
      Está provado, quem espera nunca alcança
      Venha, meu amigo
      Deixe esse regaço
      Brinque com meu fogo
      Venha se queimar
      Faça como eu digo
      Faça como eu faço
      Aja duas vezes antes de pensar
      Corro atrás do tempo
      Vim de não sei onde
      Devagar é que não se vai longe
      Eu semeio vento na minha cidade
      Vou pra rua e bebo a tempestade
      (Chico Buarque, 1972)

      Chico Buarque inverte os provérbios, questionando-os e olhando-os sob outro ângulo, atribuindo-lhes novos sentidos.
      Há vários exemplos de intertextualidade na literatura. Veja, a seguir, como Ricardo Azevedo brinca com o famoso poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade.

      QuadrilhaQuadrilha da sujeira
      João amava Teresa que amava Raimundo
      que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém.
      João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou-se com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.
      (Carlos Drummond de Andrade)
      João joga um palitinho de sorvete na
      rua de Teresa que joga uma latinha de
      refrigerante na rua de Raimundo que
      joga um saquinho plástico na rua de
      Joaquim que joga uma garrafinha
      velha na rua de Lili.
      Lili joga um pedacinho de isopor na
      rua de João que joga uma embalagenzinha
      de não sei o quê na rua de Teresa que
      joga um lencinho de papel na rua de
      Raimundo que joga uma tampinha de
      refrigerante na rua de Joaquim que joga
      um papelzinho de bala na rua de J.Pinto
      Fernandes que ainda nem tinha
      entrado na história.
      Ricardo Azevedo (”Você Diz Que Sabe Muito, Borboleta Sabe Mais”, Fundação Cargill)

      Enquanto um texto trata do amor não correspondido, por meio da comparação com uma dança (quadrilha), o outro critica o mau hábito de jogar lixo na rua - e mostra como as pessoas prejudicam as outras.

      A intertexualidade também é um recurso comumente utilizado pelas crônicasde jornal. Abaixo, veja como José Roberto Torero utiliza uma frase famosa dita por um personagem de Shakespeare. A frase quer dizer, em poucas palavras, que há muita coisa na vida que não compreendemos.

       PARÓDIA é um tipo de intertextualidade.

    A paródia representa uma intertextualidade

    A paródia é a criação de um texto a partir de um bastante conhecido, ou seja, com base em um texto consagrado alguém utiliza sua forma e rima para criar um novo texto cômico, irônico, humorístico, zombeteiro ou contestador, dando um novo sentido ao texto. Parte da intertextualidade, a paródia é um intertexto, ou seja, é um texto resultante de um texto origem que pode ser escrito ou oral. Essa intertextualidade também pode ocorrer em pinturas, no jornalismo e nas publicidades.

    A intertextualidade está presente também em outras áreas, como na pintura, veja as várias versões da famosa pintura de Leonardo da Vinci, Mona Lisa:


    Mona Lisa, Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503.

    Mona Lisa, de Marcel Duchamp, 1919.

    Mona Lisa, Fernando Botero, 1978.

    Mona Lisa, propaganda publicitária.

    Bom, é óbvio que a intertextualidade está ligado ao "conhecimento do mundo", que deve ser compartilhado, entre os envolvidos para fazer sentido,  ou seja, comum ao produtor e ao receptor de textos. O diálogo entre textos pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.

    Na literatura relativa à Lingüística Textual, é freqüente apontar-se como um dos fatores de textualidade a referência - explícita ou implícita - a outros textos, tomados estes num sentido bem amplo (orais, escritos, visuais - artes plásticas, cinema - , música, propaganda etc.) A esse “diálogo”entre textos dá-se o nome de intertextualidade.

    A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito amplo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos, além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função daquela citação ou alusão em questão.

    Já a interdiscursividade é o conversar entre discursos. Onde um age como resposta, ou se refere a outro. Enquanto a intertextualidade é o texto produzido com base em outro(s) texto(s).

    Aliás, a intertextualidade não é paródia, paródia é um tipo de intertextualidade.

    Mas voltando a interdiscursividade, este é um conceito proposto por Mikhael Bakhtin sobre a relação que um texto (discurso) tem com outros textos (outros discursos). A interdiscursividade é o caráter principal do texto, já que para Bakhtin todo texto é atravessado por um outro, ou outros anteriores. Isto é, o texto sempre "fala" o que já foi falado (escrito, expresso). Para o linguista russo, portanto, nenhum discurso tem total originalidade.

    A análise do discurso, antes disso, vai trabalhar a ideologia, as idéias (a visão de mundo) que o homem assimila em sua formação. Essas idéias que formam uma visão de mundo também não serão independentes. No plano da ideologia, as idéias também sofrerarão um processo parecido com a interdiscursividade, só que no pensamento. Ao expressar tais pensamentos (de forma escrita ou falada), o homem não poderá fugir de uma interdiscursividade na produção de seu discurso.

    Interessante, não?

    E a paródia?
    Bom... paródia é uma imitação, na maioria das vezes cômica, de uma composição literária, (também existem paródias de filmes e músicas), sendo portanto, uma imitação que geralmente possui efeito cômico, utilizando a ironia e o deboche. Ela geralmente é parecida com a obra de origem, e quase sempre tem sentidos diferentes. Na literatura a paródia é um processo de intertextualização, com a finalidade de desconstruir ou reconstruir um texto.

    A paródia surge a partir de uma nova interpretação, da recriação de uma obra já existente e, em geral, consagrada. Seu objetivo é adaptar a obra original a um novo contexto, passando diferentes versões para um lado mais despojado, e aproveitando o sucesso da obra original para passar um pouco de alegria.


    E o que é Dialogismo?

    Dialogismo é o que Mikhail Bakhtin (dá para reparar que eu gosto desse linguista?) define como o processo de interação entre textos que ocorre na polifonia; tanto na escrita como na leitura, o texto não é visto isoladamente, mas sim correlacionado com outros discursos similares e/ou próximos. Em retórica, por exemplo, é mister incluir no discurso argumentos antagônicos para poder refutá-los.

    Dialogismo se da à partir da noção de recepção/compreensão de uma enunciação o qual constitui um território comum entre o locutor e o locutário. Pode se dizer que os interlocutores ao colocarem a linguagem em relação frente um a outro produzem um movimento dialógico.

    Segundo Bakhtin, o diálogo pode ser definido como "toda comunicação verbal, de qualquer tipo que seja". A palavra chave da linguística bakhtiniana é diálogo.

    Monte Castelo - Renato Russo - Aula sobre Intertextualidade e interdiscursividade 

    O sonêto 11 de Luiz Vaz de Camões, foi adaptado musicalmente pelo grupo "Legião Urbana". Sua forma original é tirada do texto bíblico 1 Coríntios 13




    Amor é fogo que arde sem se ver;
    É ferida que dói e não se sente;
    É um contentamento descontente;
    É dor que desatina sem doer;

    É um não querer mais que bem querer;
    É solitário andar por entre a gente;
    É nunca contentar-se de contente;
    É cuidar que se ganha em se perder;

    É querer estar preso por vontade;
    É servir a quem vence, o vencedor;
    É ter com quem nos mata lealdade.

    Mas como causar pode seu favor
    Nos corações humanos amizade,
    se tão contrário a si é o mesmo Amor?


    II Carta de São Paulo aos Corínthios, cap. 13
    "Se eu falasse todas as línguas, as dos homens e as dos anjos, mas não tivesse amor, seria como um bronze que soa ou um címbalo que retine.


    Se eu tivesse o dom da profecia, se conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, se tivesse toda a fé, a ponto de remover montanhas, mas não tivesse amor, nada seria.


    Se eu gastasse todos os meus bens no sustento dos pobres e até me fizesse escravo, para me gloriar, mas não tivesse amor, de nada me aproveitaria.


    O amor é paciente, é benfazejo; não é invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleriza, não se alegra com a injustiça, mas fica alegre com a verdade. Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo.


    O amor jamais acabará. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência desaparecerá.


    Com efeito, o nosso conhecimento é limitado, como também é limitado nosso profetizar. Mas quando vier o que é perfeito, desaparecerá o que é imperfeito.


    Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Quando me tornei adulto, rejeitei o que era próprio de criança. Agora nós vemos num espelho, confusamente, mas, então veremos face a face. Agora, conheço apenas em parte, mas, então, conhecerei completamente, como sou conhecido.


    Atualmente permanecem estas três: a fé, a esperança, o amor. Mas a maior delas é o amor."




    Monte Castelo
    (Renato Russo)
    Composição: Renato Russo
    Ainda que eu falasse a língua dos homens.
    E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

    É só o amor, é só o amor.
    Que conhece o que é verdade.
    O amor é bom, não quer o mal.
    Não sente inveja ou se envaidece.

    O amor é o fogo que arde sem se ver.
    É ferida que dói e não se sente.
    É um contentamento descontente.
    É dor que desatina sem doer.

    Ainda que eu falasse a língua dos homens.
    E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

    É um não querer mais que bem querer.
    É solitário andar por entre a gente.
    É um não contentar-se de contente.
    É cuidar que se ganha em se perder.

    É um estar-se preso por vontade.
    É servir a quem vence, o vencedor;
    É um ter com quem nos mata a lealdade.
    Tão contrário a si é o mesmo amor.

    Estou acordado e todos dormem todos dormem todos dormem.
    Agora vejo em parte. Mas então veremos face a face.

    É só o amor, é só o amor.
    Que conhece o que é verdade.

    Ainda que eu falasse a língua dos homens.
    E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria.


    A Música de Renato Russo há uma relação intertextual por que há citação de trechos da Bíblia e estabelece uma relação de interdiscursividade por que  Rena to russo se apropria dos discursos camoniano e bíblico.


    Arte para produzir "arte" !!

    Os desenhos animados também são direcionados, e em alguns casos, principalmente, aos adultos. Prova disto está na utilização de obras da arte (clássica, surrealista, etc.) como elementos que compõem seus argumentos. A maioria das crianças não faz idéia da existência da "Capela Cistina"(É bem verdade que muitos adultos também estão na mesma situação!). Mas tudo isso para dizer que a intertextualidade só faz sentido e, só é percebida, quando o público e/ou audiência a que destinam-se, tem um conhecimento prévio acerca do assunto.